📉 SELIC em 15% e juros dos EUA travados. E agora?

O Banco Central e o Fed decidiram manter as taxas no mesmo patamar — mas o que isso significa para o seu bolso?

FINANÇAS INTERNACIONAIS

Leandro Nascimento

8/1/20254 min read

1. Por que o Banco Central do Brasil manteve a SELIC em 15 %?

🛑 Contexto e decisão do Copom

Em 30 de julho de 2025, o Copom interrompeu um ciclo de sete altas consecutivas e manteve a Selic em 15 %, o maior patamar desde 2006.
A decisão foi unânime e motivada por dois grandes desafios:

  1. Inflação persistente acima da meta
    Em junho, o IPCA acumulado em 12 meses subiu para 5,35%, ainda bem acima da meta de 3% com tolerância de 1,5 ponto.
    O Copom enfatizou que a inflação deve permanecer acima da meta até 2027, com projeções em 4,9% para 2025 e 3,6% para 2026.

  2. Riscos externos e domésticos elevados

    • A introdução de tarifas de 50% sobre exportações brasileiras pelos EUA adicionou incertezas comerciais e cambiais.

    • Internamente, o governo sinalizou maior gasto fiscal, o que pode pressionar ainda mais a inflação.

🕰️ Comunicação e cenário futuro

O Banco Central sinalizou que pretende manter esse nível elevado por um período prolongado, até que dados mostrem convergência clara da inflação à meta.
De acordo com economistas do mercado (BC Focus e Reuters), o corte poderá ocorrer a partir de janeiro de 2026, com uma leve queda para 14,75% e trajetória de cortes até 12,50% em 2026.

2. Por que o Federal Reserve (EUA) manteve a taxa entre 4,25 %–4,50 %?

🧾 Decisão em julho de 2025

O Fed decidiu manter a taxa de juros na faixa de 4,25–4,50% pela quinta reunião consecutiva em 2025.
Apesar da pressão política, especialmente de Donald Trump, o presidente Powell reforçou a independência do Fed e a abordagem guiada por dados.

📊 Principais fundamentos

  • Mercado de trabalho ainda resistente, com crescimento de empregos e renda, tornando prematuro um corte imediato.

  • Inflação retornando à meta (hoje em torno de 2,7%) — mas com riscos vindos de tarifas e pressões de custos.

  • Incertezas geopolíticas, especialmente sobre tarifas e cadeias globais — o Fed prefere uma postura cautelosa para evitar recuo prematuro.

Internamente, dois membros do FOMC dissidiram, preferindo corte imediato, mas a maioria manteve o curso de espera pelo cenário econômico.

🔮 Perspectiva: quando virão os cortes?

Os mercados estimam até dois cortes em 2025, possivelmente começando em setembro ou novembro, mas com ritmo cauteloso devido a inflação e incertezas fiscais externas.

3. Projeções futuras: SELIC e Fed

📊 Projeções futuras: SELIC e Fed

🇧🇷 Banco Central do Brasil (BCB)

  1. Situação atual: Selic em 15%.

  2. Tendência: Manter juros altos por mais tempo devido à inflação elevada e incertezas fiscais.

  3. Expectativa de corte: A partir de janeiro de 2026, com reduções graduais ao longo do ano.

🇺🇸 Federal Reserve (Fed)

  1. Situação atual: Taxa básica entre 4,25% e 4,50%.

  2. Tendência: Estratégia cautelosa, com possibilidade de manter os juros estáveis por mais algumas reuniões.

  3. Expectativa de corte: Entre setembro e novembro de 2025, dependendo da inflação e do mercado de trabalho.

4. Oportunidades de investimento 🇧🇷 e 🇺🇸 (Lembrando que isso não é uma recomendação de investimento)

🇧🇷 Brasil — onde investir nessa Selic alta?

  1. Renda fixa em reais
    Títulos públicos indexados ao IPCA oferecem rendimento real elevado (~9–10% a.a.) com proteção contra inflação.
    Vale também olhar CDBs, LCIs/LCAs e fundos de crédito privado.

  2. Ações seletivas com dividendos
    Setores como agronegócio e energia estão com valuations descontados. Dividend yields médios de 6% e margens líquidas elevadas tornam o mercado atraente.

  3. Fundos de crédito em real
    Com carry alto (~8% a.a.), títulos prefixados e de curto prazo ainda rendem bem, especialmente em cenário de queda futura da Selic.

  4. Hedge cambial
    Para investidores expostos à depreciação ou volatilidade do real, proteger parte da carteira via forwards ou ETFs cambiais pode ser prudente.

🇺🇸 Estados Unidos — aproveitando o cenário de juros altos

  1. Certificados de Depósito (CDs) e contas de poupança com rendimento alto
    Alguns CDs de curto prazo pagam 4–4,5% APY, ideais para quem quer segurança antes dos cortes de juros.

  2. High-yield savings accounts (HYSAs)
    Contas flexíveis com rendimento acima de 4%, sem carência e com liquidez imediata.

  3. Títulos de curto e médio prazo (Treasuries)
    Títulos do Tesouro de 2 e 5 anos oferecem taxas atrativas e proteção se os juros caírem suavemente.

  4. Ações e ETFs defensivos
    Preferência por setores de infraestrutura, utilities e finanças — empresas estáveis em ambiente de juros elevados.

5. Estratégia inteligente para “surfar” a janela atual

  1. Aporte em renda fixa com escalonamento
    No Brasil, distribua posições em títulos de curto e médio prazo para reinvestir conforme a Selic caia. Nos EUA, rode CDs com prazos escalonados (~6–12 meses).

  2. Ações com fundamentos sólidos
    No Brasil: exposição ao agronegócio, energia, bancos com dividendos estáveis.
    Nos EUA: mid-caps de infraestrutura e consumo resiliente, longe de áreas especulativas e “meme stocks”.

  3. Proteção cambial e diversificação geográfica
    Combine ativos em real e dólar. Considere ETFs globais ou fundos internacionais para reduzir risco Brasil.

  4. Fique de olho nos dados
    O Copom e o Fed citaram que novos cortes dependerão da evolução da inflação e do mercado de trabalho: fique atento a IPCA, payrolls, emprego e tarifas.

6. Conclusão

  • Brasil: Selic em 15 % por cautela com inflação persistente e choques externos. Corte possível apenas a partir de início de 2026.

  • EUA: Fed mantém taxa entre 4,25–4,50 %, “wait‑and‑see” até sinais mais concretos de desaceleração e contenção inflacionária. Cortes devem vir entre setembro e o fim de 2025, mas ainda com risco elevado de atraso.

Essa combinação de juros altos por mais tempo, tanto no Brasil quanto nos EUA, gera oportunidades únicas para investidores que conseguem balancear segurança, rentabilidade e foco no longo prazo.